segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Democracia na selva Possibilidade de conciliar exploração e preservação da floresta aproxima governo e empresários, mas enfrenta resistências



O diálogo entre grupos antes distantes floresce no interior do Pará. No final da tarde do dia 10 de maio, em uma das salas da prefeitura de Itaituba, sudoeste do Pará, sete integrantes do alto escalão do Serviço Florestal Brasileiro, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, se reuniram com oito empresários do setor madeireiro para conciliar seus interesses em torno de uma nova forma de exploração econômica da Amazônia – a concessão florestal, por meio da qual o governo federal seleciona empresas que possam explorar áreas previamente definidas de florestas públicas por um período de 40 anos de modo a causar o menor impacto ambiental possível, diferentemente da atual abordagem de eliminação total da vegetação nativa. A cordialidade imperou ao longo da conversa, mas as palavras soavam cautelosas e os olhares expressavam a desconfiança recíproca.Ouvir os interessados ou quem possa ser atingido pelas decisões faz parte dessa nova abordagem de uso das terras públicas. Com base na Lei de Gestão de Florestas Públicas, aprovada em 2006, o Serviço Florestal selecionou em 2008 três empresas para explorar 96 mil hectares da Floresta Nacional do Jamari, em Rondônia, por meio do primeiro edital de licitação para concessão de florestas públicas. A equipe do Serviço Florestal trabalha agora na análise das propostas apresentadas no segundo edital, para exploração de 140 mil hectares da Floresta Nacional de Saracá-Taquera, no Pará, e na versão final do terceiro edital, para concessão de 210 mil hectares, o equivalente a 1,4 vez a área do município de São Paulo, da Floresta Nacional de Amana, nos municípios de Itaituba e Jacareacanga, no Pará. "Dizem que é pouco, mas é só o começo”, disse Antonio Carlos Hummel, diretor-geral do Serviço Florestal. Essa forma de exploração, chamada de manejo florestal sustentável, poderia ser adotada em 20 milhões dos 239 milhões de hectares de florestas públicas – a área total de florestas no Brasil, 524 milhões de hectares, equivale a 61% do território nacional. Em julho a exploração de madeira deve começar nas áreas do primeiro edital, as empresas selecionadas do segundo edital devem ser anunciadas, o terceiro edital, em Itaituba e Jacareacanga, lançado e o calendário de reuniões para o edital seguinte, também no Pará, apresentado publicamente.

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